Sustentabilidade em três R’s

Sustentabilidade em três R’s

Logística Reversa, Educação Ambiental e Legislação Ambiental foram temas de palestras em Ibirubá

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Reciclar, Reduzir e Reutilizar, os três R’s da vida sustentável, se torna a fórmula do sucesso, quando o assunto é meio ambiente. Parece difícil enxergar que esses hábitos mudem alguma coisa, porém são necessários para que o mundo se torne um lugar melhor para as próximas gerações. O VII Fórum de Sustentabilidade do Corede Alto Jacuí trouxe essas questões a tona na tarde da quinta-feira (06), nas palestras do advogado Jaderson Nicolodi, fundador da União Brasileira da Advocacia Ambiental, e do professor do Curso de Direito e do Mestrado de Desenvolvimento Rural da Universidade de Cruz Alta, Domingos Benedetti Rodrigues. A Câmara de Vereadores de Ibirubá, local da atividade, recebeu um público regional de prefeitos, secretários de meio ambiente, de educação e empresários do Alto Jacuí. A atividade foi coordenada pela Agência Start e pelo Corede Alto Jacuí.

Quando se trata de sustentabilidade e desenvolvimento econômico, fica mais complicado e mais complexo achar o caminho equilibrado, mas segundo o advogado Jaderson Nicolodi é necessária uma reflexão em cada município sobre as áreas de preservação, os córregos e nascentes e os locais que podem ter uma adequação na legislação para contribuir com o desenvolvimento em sua plenitude. Ele acredita que existem muitos projetos de investimentos parados em muitos municípios por um entendimento equivocado da legislação ambiental e do papel do município. “Temos uma legislação em nível federal e estadual sem que muitas vezes tenha uma aplicabilidade local. Então a própria legislação Federal e Estadual autoriza que os municípios possam fazer alterações dentro de alguns limites, mas os municípios ainda estão carentes disso, não estão se tocando que essa alteração envolve a sua realidade, podem ser feitas e regularizadas situações como de imóveis em áreas de risco, ou empresas que às vezes não podem se instalar em determinada área porque tem um córrego que passa no meio da cidade e inviabiliza pela legislação federal, mas na realidade e no estudo das questões locais, é possível ter uma legislação local que faça esse diferencial”, exemplifica. Ele acredita que fazer uma análise em cada município das áreas de preservação, de nascentes e verdes traga à tona diversas situações com necessidade de adequação diferente da legislação federal, e contribuir para um desenvolvimento regional respeitando o meio ambiente, mas tendo clara a realidade local através de legislação própria.

Já no tema dos Resíduos Industriais, o professor Domingos Benedetti foi mais profundo. Antes de abordar os desafios da gestão dos resíduos industriais, ele resgatou sua tese de doutorado, que abordou o tema da educação ambiental. Para ele, por exemplo, a nossa ideia de que o que é feito com o lixo que produzimos é fruto de como fomos educados ambientalmente. Ele lembrou que a educação ambiental está prevista em diversos tratados internacionais e leis brasileiras, essas normativas indicam obrigatoriedade para a escola desde a educação infantil até a pós-graduação, ou a formação do cidadão ambiental e a formação do profissional ambiental. “A educação ambiental é um processo permanente, ela deve acontecer por toda a vida. Desde a educação formal, o trabalho, a vida em comunidade. A educação ambiental não forma pessoas para corrigir problemas ambientais que outros provocaram, ela forma pessoas ambientais para resolverem no presente os impactos que elas causam”, disse ele.

Olhar para essa amplitude para refletir sobre os nossos desafios é bem funcional, o professor explica que a reciclagem, o reaproveitamento dos recursos naturais e outras práticas já inseridas, tanto na educação como na sociedade como um todo, são temas que estão na educação ambiental do cidadão. Dessa forma, segundo o professor Domingos Benedetti, entra em ação a logística reversa, na qual os produtos devem ser recolhidos pelas empresas, em pontos de coleta, para serem descartados de maneira correta ou usados em outro ciclo, para serem reaproveitados. A contribuição da sociedade é saber onde levar os resíduos e descartá-los de forma correta para que possam seguir em um desses caminhos.

Após esse aprofundamento, o professor destacou o histórico de discussões e encaminhamentos que a região sempre teve em relação ao tema do meio ambiente. Ele citou encontros regionais na década de 1980, que em seus Anais já colocavam a preocupação com o meio ambiente e a sustentabilidade, e foram exemplo para a realização de encontros nacionais. Como desafio, ao finalizar, apresentou duas propostas de ação. A criação de um fórum regional permanente para abordar a reflexão sobre a educação ambiental e um estudo sobre a aplicabilidade da logística reversa na região. A professora Elizabeth Dorneles, secretária de Educação de Cruz Alta e secretária executiva do Corede Alto Jacuí, propôs que os desafios apresentados pelo professor fossem anexados como propostas para a carta de intenções do Fórum de Sustentabilidade que será votada no final do evento.

Texto: Cristiano Lopes
Foto: Deivson Fernandes
Agência Experimental de Comunicação Eureka